Tom estava com uma mania chata. Sempre que algo o desagradava ele dizia:
-Eu odeio isso (ou aquilo).
Um dia, depois de um carão por qualquer motivo, ele se voltou pra mim e disse:
-Eu odeio você, mãe.
Eu expliquei que não queria aquela palavra na boquinha dele. Que não era uma palavra e nem um sentimento legal. Falei que ele podia ficar chateado, e não gostar de alguma coisa, mas odiar… é mais pesado. Também disse que quem odeia está com o diabo (lá ele) no coração. Ódio não é coisa de Deus.
Ontem, na hora do almoço, o safadinho comeu um pedação de bolo. Eu, no meu papel de mãe, preparei o prato dele com tudo o que tinha direito: arroz, feijão, carne, batata e abóbora.
Na hora que ele, sem fome, viu o prato feito começou a ladainha…
– Eu não quero abóbora, nem adianta que não vou comer.
Eu pedi à Regina que guardasse o prato dele no microondas. Decretei que nada além daquele prato de comida poderia ser servido pra Tome quando ele sentisse fome comeria tudo. Ele continuou reclamando e num momento entre choro, birra e mal criação me explicou:
– Sabe o que é mãe? É que eu tenho o diabo no meu coração de abobora.
Eu quase caio da cadeira de dar risada, é claro. Meu pequeno Rato Careca Urso Polar Aquático Orelha de Pedra agora tem mais um complemento oficial: Coração de Abóbora. Não é lindo?